Juiz conta como a educação infantil ajudou na sua formação escolar e mudou sua vida
Da agricultura à magistratura
A história de vida do magistrado Sinézio Bernardo demonstra como a formação escolar transformou sua realidade e impulsionou não só ele, mas toda sua família, composta por mais 13 irmãos a quem ele ajudou a estudar e a buscar melhores oportunidades de trabalho.
Sinézio Bernardo, filho mais velho de agricultores, nasceu em Tauá, região dos Inhamuns, a 340 km de Fortaleza. Na infância e adolescência, viveu na roça trabalhando na agricultura e pecuária. Plantou, colheu e vendeu alimentos típicos do sertão nordestino, como milho, feijão e jerimum, além de cuidar do rebanho de caprinos. Aprendeu a ler somente aos 11 anos de idade. Ficou órfão de mãe aos 14.
“Ajudei meus pais na roça. Tangia gado, cabras, tirava leite, fazia queijos. Trabalhei plantando, limpando a plantação, colhendo legumes, vigiando as plantações para que não fossem invadidas por animais, vendendo bananas em um jumento até uma distância de seis a oito quilômetros. Não havia escola no local e sequer energia elétrica. Acho que nas condições vivenciadas, não havia uma alternativa a não ser trabalhar”, frisou.
O destino poderia ter continuado a mantê-lo no sertão, no trabalho, o que acaba sendo o curso natural de muitas crianças e jovens. Contudo, o estudo passou a ser o condutor de uma série de mudanças que culminaram com a magistratura. Foi morar com tios paternos em Juazeiro do Norte e depois em Fortaleza. Concluiu o científico, ingressando no curso de Direito da Universidade Federal do Ceará.
“A dedicação aos estudos é fundamental não só para o sucesso profissional como para todas as áreas da vida. Sem a nossa dedicação aos estudos, nenhum de nós teria obtido os resultados e provavelmente todos estaríamos ainda trabalhando na roça”, evidenciou.
“Já estabelecido em Fortaleza, comecei a trazer meus irmãos aos poucos, com o objetivo de que eles estudassem. A carne que comíamos era pé, pescoço, cabeça de frango, coisas que ainda hoje eu gosto e não dispenso”, narra com leveza. “Hoje, todos os meus irmãos têm moradia própria, bons empregos e a maioria tem curso superior”, orgulha-se.
Sinézio Cabral aliou estudos ao labor. Trabalhou no Curtume Padre Cícero, no Bandece e no Banco do Nordeste do Brasil (BNB). No BNB, atuou como escriturário, assistente jurídico, chefe da assessoria jurídica e superintendente. No ano de 1996, tomou posse como juiz do trabalho do TRT do Ceará. Foi titular das Varas de Iguatu, Limoeiro do Norte e Aracati, 3ª e 13ª VT de Fortaleza, onde atualmente está lotado.
Indagado sobre seu êxito profissional, cita sua fé e a firmeza da sua mãe, que o fez prometer estudar e ser “alguém na vida”. “Atribuo o meu crescimento pessoal em primeiro lugar a Deus, pois tem um propósito para cada ser humano. Depois aos meus pais, especialmente à minha mãe, pela sua determinação em dar a mim e aos meus irmãos novos horizontes, e para isso não mediu esforços”, conclui emocionado o juiz do trabalho Sinézio Bernardo de Oliveira.
Fonte, texto e foto – Comunicação Social TRT 7ª. Região