Ensino Jurídico

Faculdades de direito engatinham na adoção de IA no ensino, mostra estudo do Reglab

Levantamento consultou professores de instituições como USP, PUC-SP, FGV e Ibmec. Resultados apontam para ausência de diretrizes institucionais e riscos na falta de treinamentos de docentes e alunos

O uso de ferramentas de inteligência artificial no ensino está se tornando cada vez mais comum no Brasil e no mundo. Nas faculdades de direito brasileiras, no entanto, a adoção ainda é tímida. É o que mostra estudo publicado na última quarta-feira, 12, pelo Reglab, centro de pesquisas especializado em tecnologia e regulação.

Professores de 12 faculdades de direito de São Paulo responderam anonimamente a questionário do Reglab sobre percepções e experiências com a implementação da inteligência artificial no ensino acadêmico. Entre os consultados, estão docentes de instituições de ponta como USP, PUC-SP, FGV, Mackenzie, Ibmec e Insper. Algumas das conclusões do estudo foram:

Nenhuma das 12 faculdades consultadas tem políticas formais sobre o uso de IA na pesquisa acadêmica ou em sala de aula 58% dos professores afirmaram nunca ter recebido treinamentos formais sobre inteligência artificial generativa 50% dessas instituições estão desenvolvendo normas institucionais, mas sem previsão concreta para implementação Apenas 25% dos professores consultados utilizam IA de maneira estruturada A maioria dos professores manifesta preocupação com a falta de treinamentos institucionais e com o risco de plágio ou uso inadequado por parte dos alunos Maria Julia Lacerda Martins, pesquisadora associada do Reglab e autora do estudo, destaca a necessidade de estabelecer políticas institucionais sobre uso de IA. A leitura é que é importante preencher uma lacuna que é significativa.

“Os cursos de direito precisam formar juristas que não apenas dominem a tecnologia, mas que saibam aplicá-la com discernimento, responsabilidade e respeito aos princípios fundamentais da justiça e da integridade”, diz. “Sem diretrizes claras, há o risco de que os estudantes, em vez de desenvolverem uma compreensão ética sobre a IA generativa, passem a depender dela de maneira superficial ou até mesmo imprópria, comprometendo, assim, tanto o aprendizado quanto a integridade acadêmica”.

Outros desafios identificados pelo estudo na adoção de IA no ensino jurídico são a resistência cultural de professores; o desconhecimento de docentes sobre o funcionamento das ferramentas; e a ausência de uma visão da IA como uma ferramenta pedagógica que exige reflexão crítica e adaptação curricular. Mesmo em instituições em que o uso de inteligência artificial é mais estruturado, como FGV e Insper, as iniciativas costumam ser isoladas.

“A inteligência artificial generativa já é uma realidade no ensino de praticamente todas as disciplinas”, diz Pedro Henrique Ramos, fundador e diretor-executivo do Reglab, e professor de direito digital do Ibmec. “Os resultados do estudo mostram que as faculdades de direito ainda têm muito terreno a avançar”.

Leia o estudo completo do Reglab neste l file:///C:/Users/sabino/Downloads/versao-publicada-ensaio-maria-julia-legal-machine-learning%20(1).pdf

Sobre o Reglab

Lançado em setembro de 2024, o RegLab é um centro de pesquisas que tem como objetivo apontar tendências e ajudar o desenvolvimento dos setores de tecnologia e mídia. Trata-se de um braço do escritório Baptista Luz Advogados, há mais de 20 anos focado em causas para empresas da área. Esse é o primeiro centro de pesquisas privado do Brasil a usar uma tabela de transparência de dados para outros pesquisadores poderem confirmar a credibilidade dos estudos.

Fonte –  Luciana Barcellos –  luciana@ovocom.com.br