Advocacia

Os meios alternativos de solução de conflito (MASC) não são uma ameaça e os advogados precisam se adaptar 

Por Dra. Marcia Raicher, advogada e CEO da CALA – Câmara de Mediação e Arbitragem Latino Americana

O Brasil tem experimentado um crescimento considerável na adoção de meios alternativos de solução de conflitos (MASC), como a mediação e a arbitragem, que oferecem soluções mais rápidas e econômicas do que a via judicial. Apesar disso, uma parte significativa da classe jurídica ainda resiste a recomendar esses métodos aos seus clientes, principalmente pelo receio de perder o papel central na condução dos processos.

A sensação de ameaça ocorre, em grande parte, pela ausência de um requisito legal que obrigue a presença de advogados nas sessões de mediação e arbitragem, o que faz com que alguns profissionais temam que sua participação nesses procedimentos possa enfraquecer a relação com os clientes e reduzir sua relevância. No entanto, ao ignorar as vantagens dessas alternativas, como a agilidade, a confidencialidade e a possibilidade de soluções criativas, muitos acabam negligenciando uma oportunidade de evolução.

É fundamental compreender que os meios alternativos não buscam substituir o sistema judicial tradicional nem excluir a atuação dos advogados, mas sim servir como ferramentas complementares que podem enriquecer os serviços prestados, muitas câmaras de mediação e arbitragem já reconhecem a importância da presença dos advogados nesses processos, seja por exigência ou recomendação, pois a expertise jurídica é essencial para garantir que os interesses das partes sejam respeitados e que as decisões tomadas sejam bem fundamentadas.

Essa mudança de percepção é crucial para que os advogados se adaptem ao novo cenário, enxergando a mediação e a arbitragem não como uma ameaça, mas como uma forma de transformar e ampliar seu papel. Em vez de se limitarem à condução de litígios judiciais, podem atuar como consultores estratégicos, orientando seus clientes sobre os melhores caminhos a seguir e garantindo que seus direitos sejam preservados, além de expandirem o escopo do trabalho jurídico, oferecendo um serviço mais eficiente e adequado às necessidades atuais.

Superar esse receio exige maior familiarização com os métodos alternativos e a compreensão de que a advocacia não perde espaço com sua adoção, mas passa por uma evolução necessária. Os meios alternativos de solução de conflitos representam uma oportunidade de crescimento, não uma ameaça, e cabe aos advogados acompanharem essa transformação para manterem seu compromisso com a justiça e o bem-estar de seus clientes.