“Outras Palavras: Reflexões e Perspectivas”, de autoria do Des. Fernando Ximenes será lançado na Bienal do Livro, em Fortaleza
Para deleite dos nossos leitores, reproduzimos aqui o interessante texto de apresentação do livro “Outras Palavras: Reflexões e Perspectivas”, escrito pelo próprio autor.
“Apresentação
Este livro é como que um prolongamento de outro que publiquei em 2013, intitulado Palavras e Admirações, no qual colecionei diversos discursos proferidos ao longo de minha vida pública como professor e magistrado; também reuni prefácios que, com muita alegria, redigi graças a convites generosos de amigos escritores que deveras me honraram com a distinção. Além de textos de homenagem e saudade. O novo livro segue a mesma trilha. Daí a razão do título Outras Palavras: Reflexões e Perspectivas. Com efeito, agrego nestas páginas discursos que proferi em momentos singulares da minha trajetória, como ao receber a Medalha do Mérito Judiciário Clóvis Beviláqua, maior comenda do Judiciário cearense; ao falar em nome do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), por ocasião da sessão solene de celebração de seu 131º aniversário de fundação; o prolatado quando da outorga do título de Professor Emérito, a mim foi conferido pela Universidade Federal do Ceará, o qual me deixou bastante comovido e lisonjeado. E ainda o que pronunciei à guisa de saudação aos diletos colegas de magistratura Marlúcia de Araújo Bezerra e Henrique Jorge Holanda Silveira, ao ensejo do acesso de ambos ao Tribunal de Justiça do Ceará. Nos escritos de homenagem, reverenciei pessoas que escreveram suas histórias sem deixarem qualquer borrão que pudesse macular suas biografias; todas já habitam o último andar, lá onde, segundo Cecília Meireles, os passarinhos se escondem para ninguém os maltratar (1987, p. 732). Estou a falar de Dom Aloísio Lorscheider, pastor dedicado por inteiro à causa dos direitos humanos, colocando sua vida a serviço dos irmãos mais desvalidos, aqueles que vivem a miséria da fome e do desabrigo; de Paulo Bonavides, constitucionalista de escol, que exerceu seu magistério sempre a desfraldar a bandeira da democracia e dos direitos fundamentais da pessoa humana; de Fran Martins, que teve, ao lado de sua imensa obra jurídica na área do Direito Comercial, destacada atuação no campo literário como contista e romancista, fundador do grupo Clã, o qual congregava os nomes mais expressivos da literatura cearense; de Joaquim de Figueiredo Correia, de quem as Parcas cortaram prematuramente o fio de uma vida dadivosa, dedicada integralmente à causa pública e pautada pelos melhores princípios éticos e morais. Um exemplo de político a ser seguido; Aderbal Nunes Freire, um dos precursores dos estudos do que veio posteriormente a afirmar-se como Direito do Trabalho no Brasil, contemporâneo de luminares como Orlando Gomes, Nélio Reis e Mozart Victor Russomano, a quem nada ficou a dever. Igualmente desponta nesta galeria de admiração Francisco Augusto Pontes: poeta, compositor, filósofo, publicitário, intelectual de inteligência fulgurante, humor acurado e refinada ironia. Liderou o movimento Massafeira, que agregava música, artes plásticas, teatro, cinema, poesia, literatura, artesanato e fotografia. Enfim, as mais diversas expressões da cultura. Sua partida deixou no coração de seus amigos e admiradores uma imorredoura saudade. Por fim, a educadora Maria Luiza Barbosa Chaves, minha estimada amiga, que fez do magistério um sacerdócio, contribuindo para a boa formação de inúmeros alunos, cujas personalidades ajudou a moldar ao transmitir-lhes saber e esperança. Passemos a falar das apresentações e do prefácio de livros que constam desta coletânea. Começo pela apresentação da edição fac-similar Ivrisprvdentiae Definitione Vlpianea, de autoria do saudoso Professor José Sobreira de Amorim, que fez parte do projeto de resgate das obras jurídicas cearenses que marcaram época e tornaram-se clássicas, encetado pelo Conselho Editorial e de Biblioteca do Tribunal de Justiça do Ceará, tendo à frente o Desembargador Paulo Francisco Banhos Ponte. Segue-se a do livro de discursos do Desembargador Francisco de Assis Filgueira Mendes proferidos em três momentos de sua exitosa passagem pela Corte de Justiça alencarina. Depois, a do livro de memórias do Desembargador Francisco Gurgel Holanda, quem, usuário frequente de um trem que passava por sua Acopiara em direção a Crato ou a Fortaleza, evoca vividas recordações e as coloca nos vagões imaginários de um comboio alegórico. Por fim, o prefácio que escrevi para o livro Consensos e Dissensos – Inquietação na Sociedade Hodierna, da lavra do Professor Marco Antônio Praxedes de Morais Filho, a englobar diversos artigos seus publicados em periódicos cearenses, incursionando na área do Direito Público, com destaque para o Direito Administrativo. Inclui-se, também, uma resenha que fiz acerca do livro do Professor e Ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, intitulado A Dignidade Humana no Direito Constitucional Contemporâneo, que trata de tema por demais instigante, ao referir-se a um dos princípios fundamentais do constitucionalismo hodierno, quiçá o mais relevante, que é a dignidade da pessoa humana, a qual exsurge como essencial ao Estado Democrático de Direito. Para concluir, saliento um artigo que elaborei a partir de uma entrevista por mim concedida no passado, no qual faço umas breves reflexões acerca da Justiça e dos compromissos que tenho assumido ao longo da minha vida em prol da democracia, da liberdade, da cultura, da justiça social e da defesa intransigente dos direitos humanos fundamentais. Destaco ainda um recente artigo em que reporto a prazerosa e fiel relação com os meus amigos livros. Este livro expõe muito do que fui e do que ainda sou; um homem que assistiu ao tempo passar apressado sem lutar contra ele, mas também sem o deixar abalar seus ideais; o tempo, a meu sentir, me fez melhor, na medida em que me deu maturidade para contemplar tudo com mais calma, mais serenidade, mais compreensão, a amar mais as pessoas, as coisas que considero belas e tudo aquilo em que acredito ser verdadeiro.