Senador Cid Gomes e debatedores defendem hidrogênio verde para rendimento e crescimento sustentáveis
Debatedores destacaram, em audiência pública na tarde desta quarta-feira (24), o potencial econômico do hidrogênio verde. De acordo com os participantes, além da questão ambiental, o hidrogênio verde pode representar ganhos financeiros para o país. A audiência foi promovida pela Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV).
O presidente da comissão, senador Cid Gomes (PDT-CE), dirigiu a primeira parte do debate, enquanto o senador Fernando Dueire (MDB-PE) coordenou a segunda parte da reunião. Dueire informou que o colegiado deve fazer uma visita ao Ceará para acompanhar o desenvolvimento da produção de hidrogênio verde no local. Acrescentou que a comissão deve tratar da regulamentação do setor e destacou o fato de o hidrogênio verde ter o potencial de alavancar o crescimento do país.
— Estamos vivendo um momento histórico — afirmou Dueire.
Os senadores Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) também acompanharam a reunião. Heinze disse que o assunto é muito importante e informou que já tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia.
Planos e estratégias
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará, Salmito Filho, disse que seu estado vem adotando medidas em favor das energias limpas há cerca de 40 anos. Ele defendeu um plano estratégico nacional e ações integradas entre os estados e a União para fomentar a produção de energia renovável. De acordo com Salmito Filho, há 30 empresas com interesse em investir em hidrogênio verde no Ceará.
Para o secretário, o investimento na produção de hidrogênio verde pode fazer o Brasil ser protagonista em um dos principais vetores de matriz energética do planeta. Ele disse que o país tem um grande potencial para a produção de hidrogênio verde, tanto com energia solar quanto eólica. De acordo com o secretário, a cadeia do hidrogênio no estado tem o potencial de gerar 100 mil novos empregos até 2030.
— É uma oportunidade histórica. O hidrogênio verde talvez seja a maior oportunidade econômica da História do Brasil — registrou Salmito Filho, acrescentando que em até três anos o Ceará estará iniciando sua produção em larga escala.
Por meio de videoconferência, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, afirmou que o compromisso com a descarbonização é mais que uma estratégia econômica, é uma necessidade de sobrevivência. Ele disse que o hidrogênio verde é um tema “para hoje” e pode ser visto como uma revolução energética. Na visão do secretário, o hidrogênio verde é uma oportunidade econômica histórica para o Brasil.
— Precisamos tratar o tema como uma estratégia de país, que pode revolucionar os anos vindouros. Temos uma oportunidade de ver o Brasil liderar a revolução energética no mundo — declarou Cavalcanti.
Regulação
O secretário chefe da Casa Civil do Governo do Rio Grande do Sul, Artur José de Lemos Júnior, apresentou as estratégias do estado para o aproveitamento do hidrogênio. Lemos Júnior lamentou o que chamou de “janelas de oportunidade” perdidas pelo país em relação ao hidrogênio verde – que ele definiu como uma das “alavancas da descarbonização”. Segundo o secretário, a projeção é que o uso do hidrogênio verde possa significar uma redução de até 8,4 milhões de toneladas de carbono no estado até 2040. Ele informou que o Rio Grande do Sul tem um grande mercado interno para o hidrogênio verde e cobrou uma rápida regulação do setor.
— Uma das principais pegadas do hidrogênio verde é a redução das emissões dos gases de efeito estufa. A infraestrutura em pesquisa é primordial para que o país se posicione como um vetor de desenvolvimento dessa cadeia — destacou Lemos Júnior.
O secretário-adjunto de Energia do Rio de Janeiro, Daniel Lamassa, apontou que o hidrogênio verde “é o futuro”. Ele disse que, por meio da produção de gás, o hidrogênio azul já é uma realidade no Rio de Janeiro. Em relação à energia eólica, Lamassa informou que são nove projetos em fase de licenciamento no estado. Ele também destacou o potencial da produção de fertilizantes, que andaria “de mãos dadas com a cadeia de hidrogênio”. Lamassa também pediu atenção do Congresso Nacional com a regulação do setor, para evitar insegurança jurídica.
Cores
De acordo com o site especializado Além da Energia, o hidrogênio como combustível pode ser de diferentes “cores”. A classificação ocorre conforme a fonte de energia usada para produzir o hidrogênio combustível. Há o hidrogênio cinza, produzido a partir de combustíveis fósseis. Quando essa produção vem de gás natural e há captura e armazenamento de carbono, vem o hidrogênio azul.
Já o hidrogênio verde é aquele feito a partir da eletrólise. Porém, a energia inicial para a realização desse processo precisa vir de fontes renováveis para que o combustível se enquadre na categoria. Assim, a sua produção se dá sem a emissão de carbono. É por isso que especialistas veem este tipo de combustível como chave para um mundo mais limpo e sustentável. O uso mais conhecido do hidrogênio como combustível é nos automóveis, mas também pode ser usado na geração de energia para edifícios.
Interativa
A audiência foi realizada de forma interativa, com a participação de cidadãos por meio do portal e-Cidadania. O senador Dueire destacou algumas dessas mensagens. O internauta Fred Almeida, do Pará, perguntou como o Ceará pode se inserir no mercado do hidrogênio verde. Em resposta, o secretário Salmito Filho disse que a indústria eólica já atende parte da demanda da produção. Ele reconheceu, no entanto, que a cadeia de hidrogênio verde vai bem além das questões da energia eólica.
Richard Sabba, do Distrito Federal, questionou o porquê de não existir uma destinação de parte da arrecadação de combustíveis fósseis para o investimento em hidrogênio verde. Em resposta, o secretário Lamassa disse que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) já adota uma medida nesse sentido desde o ano passado.
Comissão
A Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV) foi criada no mês passado (ATS 4/2023) para debater, no prazo de dois anos, políticas públicas sobre hidrogênio verde, de modo a fomentar o ganho em escala dessa tecnologia de geração de energia limpa e avaliar políticas públicas que fomentem a tecnologia do hidrogênio verde. A comissão tem sete membros titulares e três suplentes. O senador Otto Alencar (PSD-BA) é o relator.
Fonte: Agência Senado
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