“A Despersonalização nos Debates Eleitorais: Neutralidade ou Anonimato?”
Por Sabino Henrique – Advogado, jornalista, editor do site direitoce.com.br
Os debates eleitorais, especialmente nas emissoras de rádio e televisão, deveriam ser um espaço privilegiado para a apresentação de ideias, propostas e, acima de tudo, para o confronto democrático de visões de mundo. No entanto, o que temos visto em muitos desses debates é uma abordagem que, sob o pretexto de manter uma suposta neutralidade, acaba esvaziando a dinâmica do próprio evento. Um dos aspectos mais irritantes é a insistência dos entrevistadores e moderadores em tratar os candidatos apenas como “candidatos”, evitando chamá-los pelo nome. Essa prática, além de impessoal, desumaniza o debate e cria uma distância artificial entre o eleitor e o político, como se o nome de cada um fosse uma espécie de tabu.
Essa conduta contribui para a falta de personalização do debate, onde os candidatos parecem figuras genéricas, desprovidas de identidade e história. O nome de um candidato é parte essencial de sua persona política, e evitá-lo é desconsiderar a importância do indivíduo que está ali, representando ideias e visões. Além disso, essa abordagem acaba beneficiando os candidatos que já são amplamente conhecidos, enquanto prejudica aqueles que ainda estão em processo de construção de sua imagem pública.
Os próprios candidatos, por sua vez, muitas vezes se acomodam a essa prática, aceitando essa forma impessoal de tratamento. Eles deveriam exigir, em nome do respeito ao eleitorado, que seus nomes sejam usados, pois é assim que o público os conhece. A política não é feita de abstrações, mas de pessoas reais com nomes, histórias e trajetórias. É hora de os debates retomarem a seriedade e a proximidade que o processo democrático exige. Neutralidade não pode ser sinônimo de anonimato.
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