Advocacia

A necessidade urgente de modernização do mundo jurídico

* Por Matheus Martins, advogado e fundador da Barcelos Martins Advogados

Em um mundo impulsionado pela constante evolução tecnológica, é surpreendente notar que muitos departamentos jurídicos e escritórios de advocacia ainda se encontram em um cenário tradicional e muitas vezes atrasado em relação à adoção de novas tecnologias. A inteligência artificial surge como uma poderosa aliada, capaz de revolucionar a prática jurídica, trazendo eficiência, automação e um novo nível de precisão para um setor que historicamente tem sido resistente à mudança.

Advogados frequentemente se veem envolvidos em montanhas de documentos, processos e regulamentações que exigem uma atenção minuciosa. No entanto, muitos ainda dependem de métodos tradicionais e manuais para realizar suas tarefas, resultando em processos demorados e propensos a erros. A falta de adoção de tecnologia de ponta é evidente, e é imperativo questionar por que muitos ainda resistem à modernização.

É curioso notar como o meio jurídico ainda não adotou massivamente a IA mesmo após o surgimento explosivo do ChatGPT no final de 2022. Uma pesquisa da AB2L em 2021 perguntou aos advogados sobre o impacto das novas tecnologias no Direito, e 85,36% disseram que elas ajudam. Quanto ao uso de serviços jurídicos automatizados que usam inteligência artificial, 58,2% dos advogados disseram que certamente usariam e 34,9% responderam que talvez usariam. Seria de se esperar, então, que o tema dominasse o meio no ano de 2023, mas não é o que tem sido visto.

Além disso, a falta de automação muitas vezes resulta em lapsos na conformidade com as leis em constante mudança, aumentando o risco de litígios e penalidades. Com a IA, é possível oferecer um novo horizonte para os profissionais jurídicos, proporcionando uma gama de ferramentas e capacidades que podem transformar radicalmente a maneira como o trabalho é realizado. A automação de tarefas rotineiras, como a revisão de contratos, a análise de documentos legais e a pesquisa de jurisprudência, libera os profissionais para se concentrarem em questões mais estratégicas e complexas que exigem criatividade cada vez maior.

Para dar alguns exemplos, com as ferramentas que já estão à disposição do público – e muitas delas de fácil utilização mesmo para leigos – é possível criar assistentes virtuais verticalizados por temas diferentes, usar ferramentas de captura e interpretação de intimações, identificar pontos de atenção em contratos, gerir demandas e tarefas e organizar bases de conhecimento.

A complexidade crescente das leis, das regulamentações e das relações comerciais exige uma abordagem mais avançada para garantir a manutenção da conformidade legal e a agilidade necessária ao mundo contemporâneo. Ferramentas inovadoras são capazes de analisar grandes conjuntos de dados, identificar padrões, fornecer insights valiosos e potencializar as atividades diárias. Tudo isso com menor probabilidade de falhas humanas ocorrerem.

No ecossistema onde a inovação é a chave para o progresso, os profissionais jurídicos não podem mais negligenciar as oportunidades oferecidas pela inteligência artificial. A modernização não apenas otimiza processos, mas também fortalece a conformidade e impulsiona a eficácia geral.

Ao abraçar a IA, os profissionais do direito podem se posicionar na vanguarda de uma revolução que não apenas aprimora suas práticas, mas redefine o próprio tecido do sistema jurídico para melhor atender às demandas do século XXI.

Fonte –  Renata Dorneles renata@mention.net.br