Advocacia além do diploma: por que habilidades comportamentais são o novo diferencial competitivo
Por Jennifer Manfrin*
Durante muito tempo, a formação jurídica foi pautada exclusivamente em conhecimento técnico. A lógica era simples: quanto mais você dominasse a letra fria da lei, mais longe poderia chegar. Mas, o mercado jurídico mudou — e quem ainda não percebeu isso, está ficando para trás.
Eu demorei para entender isso também. Como muita gente, achava que bastava estudar muito, tirar boas notas, ter um currículo impecável. Fiz tudo isso. E ainda assim, em vários momentos da minha trajetória, senti que algo faltava.
Foi aí que comecei a prestar atenção no que ninguém ensinava na faculdade: as habilidades que realmente fazem a diferença na prática. Estou falando de negociação, escuta ativa, comunicação clara, empatia, inteligência emocional, adaptabilidade… tudo aquilo que muitos ainda chamam de “soft skills”, mas que, na verdade, são hard demais.
Em diversos momentos da minha carreira, percebi que os maiores desafios não estavam no conteúdo jurídico, mas na relação com pessoas: clientes, colegas, chefes, juízes, partes. Saber lidar com diferentes perfis, gerir expectativas, manter a calma em situações tensas, construir acordos… tudo isso exige muito mais do que decoreba de artigo de lei.
E não estou sozinha. O próprio Fórum Econômico Mundial já apontou que as habilidades humanas são as mais valiosas para os profissionais do futuro — e isso inclui o Direito.
Foi a partir dessa percepção que nasceu o projeto @asnegociadoras. Eu queria falar sobre negociação no mundo jurídico de forma leve, prática, acessível. Porque sim, nós advogados negociamos o tempo todo — e, muitas vezes, sem perceber.
Negociamos prazos, valores, cláusulas, interesses, egos… e, principalmente, nossos próprios limites e escolhas. E quanto mais habilidade desenvolvemos neste campo, mais conseguimos transformar conflitos em oportunidades.
Hoje, vejo com clareza: o diploma é só o começo. Ele te dá o direito de jogar, mas as habilidades comportamentais definem como você joga — e se vai vencer.
Por isso, se você está começando agora na advocacia (ou mesmo se já atua há anos), minha sugestão é simples: não negligencie o que não está nos livros. Invista nas suas soft skills. Escute mais. Pergunte mais. Pratique empatia. Aprenda a negociar com verdade e respeito.
O futuro do Direito é humano. E só quem estiver preparado para isso vai se destacar de verdade.
*Jennifer Manfrin é advogada, especialista em Direito Civil e professora nos cursos de pós-graduação em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter.
Fonte – Nqm Comunicação