Entre a rotina e o direito: o impacto silencioso da IA nos cartórios brasileiros
Com o avanço silencioso da IA nos cartórios, burocracia e desigualdade perdem terreno para soluções que devolvem dignidade à rotina de quem mais precisa
A presença silenciosa da inteligência artificial começa a mudar a relação do brasileiro com os cartórios. Não apenas pela digitalização de procedimentos, mas pela promessa real de aproximação entre cidadãos e seus direitos. Até pouco tempo atrás, a obtenção de uma certidão ou o reconhecimento de uma assinatura era, para muitos, um ritual de espera, deslocamento e custo, rotina que penaliza especialmente moradores de periferias, cidades do interior, idosos, pessoas com deficiência e pequenos empreendedores.
Nos últimos anos, diversas soluções de IA passaram a atuar nos bastidores das serventias extrajudiciais, reduzindo filas e simplificando validações. Entre essas iniciativas, desponta o Dante, desenvolvido pela Officer Soft, mas não só: cartórios em todo o país vêm adotando ferramentas capazes de analisar documentos automaticamente, detectar inconsistências e sugerir rotas de atendimento mais rápidas para quem mais precisa. A inteligência artificial, nesse contexto, deixa de ser promessa e passa a ser um instrumento social de impacto prático.
Emersilia Martins, sócia da Officer Soft, acompanha de perto essa transformação. “A grande mudança não está só no ganho de eficiência para o cartório, mas no efeito cascata sobre a vida de quem depende desses serviços. Quando um cidadão resolve sua demanda sem enfrentar fila, sem precisar de transporte público ou faltar ao trabalho, estamos falando de inclusão real e de cidadania”, diz.
Especialistas do setor observam que a automatização de etapas rotineiras libera profissionais para o atendimento personalizado de casos mais complexos, além de ampliar a segurança jurídica. O Dante, por exemplo, foi desenhado para se integrar aos sistemas já existentes nos cartórios, cruzando dados, alertando para possíveis fraudes e respeitando todos os parâmetros de privacidade previstos na LGPD. Segundo a Officer Soft, a meta é que o cidadão perceba, na prática, que pode ter acesso a seus direitos sem a antiga via-crúcis documental.
“A tecnologia, quando bem implementada, faz o cartório desaparecer da vida do cidadão. Ele continua sendo fundamental, mas deixa de ser uma barreira”, afirma Emersilia. Ela reforça que, em projetos-piloto realizados no Sul do Brasil, o uso de IA já permitiu reduzir em até 60% o tempo de atendimento para atos simples, além de facilitar a vida de idosos e pessoas que moram em regiões distantes. “Vemos relatos de famílias que conseguiram resolver questões de registro sem precisar viajar por horas ou pagar por serviços terceirizados. Isso é cidadania acontecendo”, completa.
O desafio, segundo profissionais do setor, é garantir que o avanço tecnológico não exclua quem já enfrenta dificuldades de acesso digital. Para isso, é fundamental investir em capacitação, criar canais alternativos de atendimento e manter a transparência nos processos automatizados. O papel do tabelião, longe de ser substituído, torna-se ainda mais relevante na supervisão e no atendimento humanizado.
A chegada das IAs aos cartórios brasileiros marca um novo capítulo no esforço de aproximação entre rotina e direito. Ferramentas como o Dante ilustram como tecnologia, quando colocada a serviço do público, pode devolver tempo, dignidade e igualdade de oportunidades para milhões de brasileiros. Se o cartório sempre foi sinônimo de papel e espera, o futuro aponta para um serviço cada vez mais invisível e muito mais próximo do cidadão.
Fonte – Descomplica Comunicação


