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Luto na justiça: tribunal perde Haroldo Correia de Oliveira Máximo – Artigo do des. Durval Aires Filho

Transcrevemos o artigo que o desembargador Durval Aires Filho público no seu blog.

“Na tarde de ontem, combatendo uma doença de muita gravidade, partiu o colega Haroldo Máximo, horas após novo internamento no Hospital São Carlos. Fiquei desolado, ao falar com a Raquel, ao Saulo e Maria Clara (minha esposa e filhos) porque parte um amigo de todos nós lá de casa, uma figura de grande sensibilidade e dimensão humana, e, sobretudo, um magistrado comprometido com a justiça, com o trabalho judicante, com a família, seus filhos, enfim. Nem sei o que dizer a D. Ivone, sua esposa, ao Lino Máximo, Haroldo Filho e a Lorena, seus preciosos meninos, a razão de sua existência, senão um aceno de conforto espiritual nessa hora de muita dor e sentimento.

Quando o conheci, Haroldo era titular da Comarca de Brejo Santo, que, por coincidência era terra de alguns amigos daquela cidade, notadamente, na Lagoa Seca, localidade onde morava, e reside ainda, a família Rolim (Seu Pedro, D. Zuleica, salvo engano, faz tanto tempo, Paulinho e o cunhado Anselmo, um advogado muito conhecido na região sul). E, claro, minha visita também se expandia a “Caldeira do Inferno”, às vezes na companhia do próprio Haroldo Máximo, um lugar aprazível para uma boa conversa, à qualquer visitante curioso em informações sobre a política local, crônicas engraçadas de seus personagens mais atuantes e costumes provincianos.

Depois, o querido colega foi para a cidade do Padre Cícero, estacionando na 1ª Vara de Juazeiro do Norte.  Na progressão de sua carreira, conquistou Fortaleza e sua vocação para o direito criminal, sendo inicialmente titular da 23ª Vara Cível; da 8ª Vara Criminal; 4ª Vara do Juri, 2ª Vara de Execuções Criminais, que também congregava a Corregedoria de Presídios e Habeas Corpus, figurando com absoluto destaque (ponto alto da magistratura cearense), como juiz titular da Vara de Execuções de Penas Alternativas, uma titularidade pioneira no país e que, por isso mesmo, era foco de interesse nacional, inclusive, ultrapassando nossas fronteiras, cuja iniciativa foi pauta de inúmeros trabalhos acadêmicos e livros doutrinários sobre o tema.

Reunindo um material fabuloso, como ele próprio registrou em suas andanças institucionais, com centralidade no próprio Haroldo, convidei-o para a elaboração de um livro em parceria. Nossas conversas ultrapassavam finais de tardes, seguidas de alguns petiscos como pretexto, no Shopping Iguatemi. E me lembro de algumas narrativas realmente empolgantes, sensivelmente humanas, como aquele convite que aceitou em palestrar sobre penas alternativas em Havana, me confidenciando sobre a imensa generosidade do povo cubano, tanto quanto a sua humildade comovente.

O depoimento da colega Francisca Adelineide Viana foi tocante ao abordar um tríplice aspecto do perfil do colega: trabalho, companheirismo e amizade. Disse que Haroldo “foi um guerreiro, manteve-se trabalhando e ativo em todas as áreas”. E isso, penso, foi realmente uma opção forte porque a atividade mantinha o pensamento ocupado com o labor. Sentia muito pela partida de seu “colega de concurso, colega na segunda câmara criminal”. Não se esqueceu de assinalar, finalmente, a “longa história de parceria, amizade e coleguismo”, com certeza, o elo que uniu a ela e a todos nós, na árdua missão de distribuir o direito promovendo justiça.”