Precisão nos cálculos judiciais: o fator invisível que pode mudar o resultado de uma ação
Por Paulo Souza, sócio da área de Cálculos Judiciais da Bernhoeft
No Brasil, onde tramitaram quase 80 milhões de processos em 2024, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, um simples erro em cálculos judiciais pode custar milhões. O que antes era visto como um detalhe técnico se tornou um divisor de águas no desfecho de ações trabalhistas e cíveis. Em um Judiciário que avança rapidamente na digitalização e no uso de inteligência artificial, cresce a pressão por cálculos rápidos, confiáveis e auditáveis, e as empresas que não acompanham essa evolução correm riscos financeiros significativos.
A precisão nos cálculos deixou de ser apenas uma questão contábil. Um índice aplicado incorretamente, um reflexo trabalhista esquecido ou uma interpretação equivocada de cláusulas contratuais pode mudar completamente o rumo de um processo. Esses deslizes, aparentemente pequenos, têm potencial para gerar condenações indevidas ou valores muito acima do devido. No trabalhista, o risco está na soma de vários detalhes, como horas extras, férias e FGTS, que se encadeiam e elevam o passivo. No cível, a sensibilidade recai sobre poucos, mas decisivos pontos, como a atualização de dívidas de alto valor e a capitalização de juros.
Por outro lado, cálculos bem estruturados transformam números em estratégia. Eles oferecem clareza sobre os riscos reais e fortalecem a atuação jurídica e financeira das empresas. Com dados precisos, os advogados sustentam defesas mais consistentes, negociam acordos em condições equilibradas e evitam que a parte contrária imponha valores inflados. Além disso, a precisão dos cálculos impacta diretamente o provisionamento e as decisões da alta gestão, que passa a atuar com base em informações concretas e confiáveis.
Investir em especialistas e tecnologia é, hoje, uma medida estratégica. Softwares integrados às bases oficiais reduzem falhas humanas, agilizam simulações e produzem relatórios rastreáveis, o que garante transparência e auditabilidade. Já práticas como dupla checagem técnica, auditorias periódicas e uso de simulações antes de audiências aumentam a assertividade e reduzem riscos. Essa combinação de metodologia e automação é o que diferencia empresas que apenas reagem de empresas que se antecipam.
A precisão nos cálculos também desempenha um papel essencial na redução do contencioso. Quando as partes confiam nos números, os acordos extrajudiciais se tornam mais viáveis e o tempo de disputa diminui, o que significa economia de recursos e previsibilidade financeira.
Em um Judiciário cada vez mais automatizado e complexo, a precisão nos cálculos judiciais não é mais uma formalidade técnica. É um ativo estratégico que protege as finanças, reforça a governança e dá segurança jurídica às empresas. As organizações que tratam seus números com o mesmo rigor com que tratam seus contratos conquistam algo raro: a confiança de que cada decisão está apoiada em dados sólidos, e a vantagem de transformar precisão em resultado.
Sobre Paulo Souza
Paulo Souza é Administrador, Contador e Pós-graduado em Perícia, acumula mais de 22 anos de experiência em Gestão de Contingências Trabalhistas, Cálculos Cíveis, Tributários e Previdenciários para empresas de todos os portes. Sócio da Bernhoeft, lidera serviços especializados em Cálculos Judiciais, Gestão de Riscos com Terceiros, BPO e Consultoria Tributária. Realiza anualmente eventos como lives, podcasts e webinars para orientar departamentos jurídicos e escritórios de advocacia, focado em temas atualizados e conformidade legal. Participa como palestrante em eventos como Fenalaw e Amcham.


